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Fonte: Wikisum
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Dom Casmurro
1899
Resumo do romance
O original lê-se em ~401 min
Microresumo
Um advogado narrou como evitou ser padre, casou com sua vizinha e depois suspeitou que ela o traiu com seu melhor amigo ao ver semelhanças entre este e seu filho. Ambos morreram no exterior.

Resumo breve

Rio de Janeiro, segunda metade do século XIX. Bento Santiago, apelidado de Dom Casmurro por um vizinho, decidiu escrever suas memórias para tentar unir as duas pontas de sua vida. Na adolescência, Bento morava com sua mãe viúva, que prometera fazê-lo padre. Ele se apaixonou pela vizinha Capitu, com quem planejou evitar o seminário.

👨🏻‍⚖️
Bento Santiago (Dom Casmurro) — narrador, homem de meia-idade que conta sua história desde a adolescência, advogado, filho único, ciumento, desconfiado, introspectivo, solitário, vive recluso no Engenho Novo.

Com a ajuda do agregado José Dias, Bento conseguiu evitar o seminário e estudou Direito. Ele e Capitu se casaram e tiveram um filho, Ezequiel. Seu amigo íntimo do seminário, Escobar, também se casou, com Sancha, amiga de Capitu. As duas famílias mantiveram estreita amizade por anos.

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Capitolina Pádua (Capitu) — vizinha e namorada de Bentinho, depois esposa, mulher jovem, inteligente, determinada, dissimulada segundo o narrador, olhos de ressaca, cabelos grossos, morena, astuta, pragmática.

Escobar morreu afogado durante um banho de mar. No velório, Bento observou a reação de Capitu diante do cadáver do amigo.

Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

Esse olhar despertou ciúmes em Bento, que passou a notar semelhanças entre Ezequiel e Escobar. Convencido da traição de Capitu com seu amigo, Bento considerou envenenar o filho, mas desistiu. Decidiu então separar-se de Capitu, enviando-a com Ezequiel para a Suíça, onde ela morreu anos depois. Ezequiel, já adulto, visitou Bento no Brasil, reforçando sua convicção sobre a semelhança com Escobar. O rapaz morreu de febre tifóide durante uma viagem à Palestina.

Resumo detalhado

A divisão em capítulos é editorial.

Introdução e o apelido de Dom Casmurro

Bento Santiago, um homem de meia-idade que vivia recluso em sua casa no Engenho Novo, começou a narrar sua história explicando a origem de seu apelido. Certa noite, voltando da cidade no trem, encontrou um rapaz do bairro que, após tentar recitar-lhe alguns versos e perceber que Bento cochilava, ficou aborrecido. No dia seguinte, o rapaz passou a chamá-lo de Dom Casmurro, alcunha que acabou pegando entre os vizinhos.

Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo.

Bento explicou que mandou construir no Engenho Novo uma casa idêntica àquela onde crescera na Rua de Mata-Cavalos, com a mesma disposição, pinturas e móveis. Seu objetivo era atar as duas pontas da vida, restaurando na velhice a adolescência. Porém, reconheceu que não conseguiu recompor o que foi nem quem foi. Decidiu então escrever suas memórias, começando por uma tarde de novembro que nunca esqueceu.

A infância com Capitu e a promessa do seminário

Naquela tarde de novembro de 1857, Bento, então com quinze anos, escondeu-se atrás da porta da sala de visitas e ouviu uma conversa entre sua mãe, D. Glória, seu tio Cosme, prima Justina e o agregado José Dias. O agregado alertava D. Glória sobre a proximidade entre Bentinho e a filha do vizinho, Capitolina, conhecida como Capitu. Segundo ele, os dois viviam em segredinhos e, se continuassem assim, D. Glória teria dificuldade em cumprir a promessa de fazer do filho um padre.

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Dona Glória (Maria da Glória Fernandes Santiago) — mãe de Bentinho, viúva, religiosa, fez promessa de tornar o filho padre, mulher de 42 anos no início da narrativa, bondosa, determinada, vestia-se com simplicidade.
👨🏻‍🦱
José Dias — agregado da família Santiago, homem de cerca de 55 anos, falante, usa superlativos, bajulador, intrometido, vaidoso, vestia-se com esmero apesar da pobreza, magro.

Bentinho ficou perturbado com a denúncia e correu para a casa vizinha, onde encontrou Capitu riscando algo no muro. Ao perceber a presença dele, ela tentou disfarçar. Quando Bentinho contou sobre a conversa que ouvira e a possibilidade de ir para o seminário, Capitu ficou indignada e chamou a mãe de Bentinho de beata e carola. Juntos, começaram a pensar em maneiras de impedir que o plano se concretizasse.

Capitu sugeriu que Bentinho conversasse com José Dias, pedindo-lhe que intercedesse junto à D. Glória. Ela acreditava que o agregado, por gostar muito de Bentinho e ter influência sobre sua mãe, poderia ajudá-los. Bentinho deveria dizer-lhe que não tinha vocação para padre e que preferia estudar leis em São Paulo.

Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.

Durante essa conversa, Bentinho percebeu que estava apaixonado por Capitu. Ao examinar os olhos dela, sentiu-se atraído por uma força misteriosa que o puxava, como a ressaca do mar. Naquele mesmo dia, enquanto riscavam seus nomes no muro, trocaram olhares e mãos dadas, selando silenciosamente seu amor.

O tempo no seminário e as estratégias para escapar

Seguindo o conselho de Capitu, Bentinho procurou José Dias no Passeio Público e confessou-lhe que não queria ser padre. O agregado, entusiasmado com a ideia de viajar para a Europa com o rapaz, prometeu ajudá-lo. Sugeriu que poderiam ir estudar leis em alguma universidade estrangeira, vendo terras e aprendendo línguas.

Apesar das tentativas de José Dias, D. Glória manteve-se firme em sua promessa. Bentinho acabou indo para o seminário de São José, onde conheceu Ezequiel de Sousa Escobar, um rapaz esbelto, de olhos claros e movimentos rápidos. Os dois tornaram-se grandes amigos, e Bentinho confiou a Escobar seu amor por Capitu.

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Escobar (Ezequiel de Sousa Escobar) — amigo de seminário de Bentinho, depois comerciante, homem esbelto, olhos claros, movimentos rápidos, inteligente com números, casado com Sancha, pai de Capituzinha.

Durante o tempo no seminário, Bentinho continuou vendo Capitu aos fins de semana. Ela se aproximou de D. Glória, que passou a estimá-la cada vez mais. Escobar, percebendo o sofrimento do amigo, sugeriu uma solução: D. Glória poderia cumprir sua promessa adotando um órfão e custeando seus estudos eclesiásticos, enquanto Bentinho seguiria outra carreira.

A ideia agradou a todos. O padre Cabral, consultado sobre o assunto, concordou que a promessa poderia ser cumprida dessa forma. Assim, após dois anos no seminário, Bentinho foi autorizado a deixá-lo para estudar Direito. Sua mãe encontrou um jovem que se tornaria padre em seu lugar, cumprindo assim sua promessa a Deus.

O retorno à vida secular e o namoro com Capitu

Livre do seminário, Bentinho dedicou-se aos estudos de Direito. Passou os anos seguintes entre os dezoito e vinte e dois anos formando-se bacharel. Durante esse período, seu relacionamento com Capitu continuou a florescer, com a aprovação cada vez maior de D. Glória, que via na moça todas as qualidades desejáveis.

Enquanto isso, Escobar deixou o seminário e começou a trabalhar no comércio. Tornou-se um intermediário nas cartas trocadas entre Bentinho e Capitu, fortalecendo os laços de amizade com ambos. Mais tarde, Escobar casou-se com Sancha, amiga de colégio de Capitu.

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Sancha — amiga de colégio de Capitu, depois esposa de Escobar, mãe de Capituzinha, mulher jovem, discreta, dedicada ao marido, mora em Andaraí.

Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falámos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se.

Ao retornar formado, Bentinho foi recebido com grande alegria por sua mãe e todos da casa. José Dias chamava-o de doutor, e todos comentavam como ele se parecia com o pai falecido. Sentindo-se feliz e realizado, Bentinho finalmente casou-se com Capitu, concretizando o amor que nascera na infância.

O casamento e o nascimento de Ezequiel

Bentinho e Capitu casaram-se e foram morar na Glória. Ele trabalhava como advogado, enquanto ela cuidava da casa. Viviam felizes, frequentando a sociedade e recebendo amigos. Capitu adaptou-se bem à vida de casada, orgulhando-se de seu novo estado e exibindo-o com satisfação.

O único desgosto do casal era não ter filhos. Ambos desejavam muito um filho, e Bentinho chegou a fazer promessas religiosas para conseguir essa graça. Finalmente, após algum tempo de espera, Capitu engravidou e deu à luz um menino forte e saudável.

O nascimento do filho trouxe imensa alegria a Bentinho, que descreveu esse momento como a maior felicidade de sua vida. O menino foi batizado com o nome de Ezequiel, em homenagem ao amigo Escobar, que foi escolhido como padrinho. Bentinho observava encantado a amamentação do filho, vendo naquele ato a união perfeita da natureza.

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Ezequiel Santiago — filho de Capitu e Bentinho, menino e depois jovem, alegre, curioso, tinha o hábito de imitar os outros, especialmente Escobar, estudioso, interessado em arqueologia.

À medida que crescia, Ezequiel mostrava-se um menino alegre e curioso. Tinha o hábito de imitar os gestos e maneiras das pessoas ao seu redor, o que divertia a todos, exceto Capitu, que tentava corrigir esse comportamento. Bentinho notou que o filho imitava particularmente bem os gestos de Escobar, o que atribuiu à convivência frequente entre as famílias.

A amizade com Escobar e o surgimento das suspeitas

A amizade entre as famílias de Bentinho e Escobar tornou-se cada vez mais estreita. Escobar prosperava nos negócios e havia comprado uma casa no Flamengo, não muito distante da casa de Bentinho na Glória. As duas famílias visitavam-se constantemente, passando domingos juntos e compartilhando momentos de lazer.

Escobar impressionava Bentinho com sua habilidade com números e cálculos. Certa vez, somou de cabeça os valores dos aluguéis das casas de D. Glória em segundos, demonstrando sua extraordinária capacidade mental. Bentinho admirava os braços fortes do amigo, que era excelente nadador, e sentia uma mistura de admiração e inveja.

Com o passar do tempo, Bentinho começou a notar semelhanças entre Ezequiel e Escobar. Primeiro foram os gestos e maneiras, que atribuiu ao hábito de imitação do menino. Depois, percebeu semelhanças físicas, especialmente nos olhos. Quando comentou com Capitu sobre a expressão esquisita nos olhos do filho, ela respondeu que só havia visto aquela expressão em duas pessoas: um amigo do pai dela e Escobar.

Eu era um poço delas; coaxavam dentro de mim, como verdadeiras rãs, a ponto de me tirarem o sono algumas vezes. Disse-lhe que começava a achar minha mãe um tanto fria e arredia com ela. Pois aqui mesmo valeu a arte fina de Capitu!

Essa observação plantou em Bentinho a semente da dúvida. Começou a ser atormentado por suspeitas sobre a fidelidade de Capitu e a paternidade de Ezequiel. As dúvidas cresciam silenciosamente, enquanto ele tentava disfarçar seus sentimentos. Observava cada vez mais atentamente as interações entre Capitu e Escobar, buscando sinais que confirmassem ou dissipassem suas suspeitas.

A morte de Escobar e a intensificação do ciúme

Numa manhã, Bentinho foi surpreendido pela notícia de que Escobar havia morrido afogado. Apesar do mar agitado, o amigo havia se arriscado a nadar mais longe que o costume e acabou sendo levado pelas ondas. Seu corpo foi resgatado e levado para casa, onde foi velado.

Durante o velório, Bentinho observou o comportamento de Capitu. Enquanto consolava Sancha, ela olhou fixamente para o cadáver de Escobar de uma maneira que perturbou profundamente o marido. Seus olhos estavam fixos, apaixonados, sem lágrimas, mas intensos como a ressaca do mar. Bentinho sentiu que aquele olhar revelava mais do que simples tristeza pela perda de um amigo.

No cemitério, Bentinho foi chamado a fazer um discurso, pois havia anunciado que falaria. Embora tivesse preparado algumas palavras, mal conseguiu pronunciá-las, tomado pela emoção e pelos pensamentos confusos. Sentia-se como Príamo, beijando a mão do homem que matara seu filho, mas no caso, elogiando o homem que, suspeitava, traíra sua confiança.

Após o enterro, as suspeitas de Bentinho intensificaram-se. Cada vez mais, ele notava semelhanças entre Ezequiel e Escobar. O menino continuava a imitar os gestos do falecido, e seus traços físicos pareciam cada vez mais com os do amigo morto. Bentinho começou a tratar o filho com frieza e a evitar sua companhia.

Certa vez, ao ouvir Ezequiel chamá-lo de pai, Bentinho não se conteve e gritou que não era seu pai. Capitu, que ouvira a cena, exigiu explicações. Quando Bentinho acusou-a de traição com Escobar, ela reagiu com indignação e negou veementemente. Defendeu-se dizendo que a semelhança era mera casualidade, obra da vontade de Deus.

Tinha-se sentado numa cadeira ao pé da mesa. Podia estar um tanto confusa, o porte não era de acusada. Pedi-lhe ainda uma vez que não teimasse. — Não, Bentinho, ou conte o resto, para que eu me defenda, ou peço-lhe desde já a nossa separação.

A separação, o destino de Ezequiel e os anos finais

Incapaz de superar suas suspeitas, Bentinho decidiu separar-se de Capitu. Enviou-a com Ezequiel para a Suíça, onde viveriam com uma professora que ensinaria português ao menino. Ele permaneceu no Brasil, visitando-os ocasionalmente, mas mantendo-se emocionalmente distante.

Anos depois, Capitu morreu e foi enterrada na Suíça. Ezequiel, já adulto, voltou ao Brasil para visitar Bentinho. O encontro foi doloroso para o narrador, que viu no jovem a imagem viva de Escobar. Ezequiel contou que estudava arqueologia e planejava uma viagem científica ao Oriente. Bentinho forneceu-lhe os recursos necessários para a viagem.

Onze meses depois, Bentinho recebeu a notícia de que Ezequiel havia morrido de febre tifóide em Jerusalém. Foi enterrado com uma inscrição do profeta Ezequiel: "Tu eras perfeito nos teus caminhos". Bentinho recebeu a notícia sem grande comoção, jantou bem e foi ao teatro.

Nos anos seguintes, Bentinho viveu solitário em sua casa do Engenho Novo, réplica da casa de sua infância. Teve alguns relacionamentos passageiros, mas nenhum que o fizesse esquecer Capitu. Ao final de sua narrativa, ele deixa ao leitor a dúvida sobre a culpa ou inocência de Capitu.

O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-Cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente... se te lembras bem da Capitu menina, hás-de reconhecer que uma estava dentro da outra.