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Fonte: Wikisum
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Os Lusíadas
1572
Resumo do poema
O original lê-se em ~333 min
Microresumo
Uma expedição marítima lutou contra tempestades, monstros sinistros e armadilhas divinas rumo à Índia. Após cumprir sua missão difícil, regressou feliz à pátria, porém sem reconhecimento merecido.

Resumo breve

Portugal, final do século XV. Vasco da Gama comandava a primeira viagem marítima dos portugueses à Índia, em busca de riquezas e glória. No Olimpo, os deuses debatiam seu destino: enquanto Vênus os apoiava apaixonadamente, Baco tramava contra eles por inveja e medo de perder território no Oriente.

Vasco da Gama — capitão da frota portuguesa, homem de meia-idade, corajoso e determinado, líder da expedição às Índias, forte, respeitado pelos marinheiros, devoto, eloquente ao narrar a história de Portugal.
💫
Vênus — deusa do amor e da beleza, protetora dos portugueses, bela e sedutora, filha de Júpiter, defensora apaixonada dos lusitanos perante os outros deuses, estrategista e determinada.
🍷
Baco — deus do vinho, antagonista dos portugueses, invejoso e vingativo, teme perder sua fama e glória no Oriente, ardiloso, manipulador, usa disfarces e enganos para prejudicar os navegantes.

Em Moçambique e Mombaça, por influência de Baco, os portugueses enfrentaram emboscadas, mas foram protegidos por Vênus. Gama chegou a Melinde, onde narrou ao rei local a história heroica de Portugal, relatando fatos como as guerras de reconquista, a tragédia de Inês de Castro e a vitória na Batalha de Aljubarrota.

Em meio à travessia marítima, no extremo sul do continente africano, os marinheiros enfrentaram o gigante Adamastor, personificação do Cabo das Tormentas, que ameaçou e profetizou desgraças:

Eu sou aquele oculto e grande cabo
A quem chamais vós outros Tormentório,
Que nunca a Ptolomeu, Pompônio, Estrabo,
Plínio e quantos passaram fui notório.
Aqui toda a africana costa acabo
Neste meu nunca visto promontório

Após muitas provações, chegaram enfim à Índia. No retorno, receberam de Vênus a recompensa em uma ilha paradisíaca e Gama contemplou as glórias futuras de Portugal. A frota voltou triunfante a Lisboa, mas o poeta lamentou a falta de reconhecimento da sociedade portuguesa aos heróis e às artes.

Resumo detalhado por cantos

Os títulos descritivos dos cantos são editoriais.

Canto 1. A proposição, o conselho dos deuses e a chegada a Moçambique

Os Lusíadas inicia-se com a proposição do tema: os feitos heroicos dos navegadores portugueses que, sob o comando de Vasco da Gama, descobriram o caminho marítimo para as Índias. O poeta invoca as ninfas do Tejo (Tágides) pedindo inspiração e dedica a obra ao jovem rei D. Sebastião.

As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana

A narrativa começa com a frota portuguesa já navegando pelo Oceano Índico, próxima à costa oriental da África. Neste momento, Júpiter convoca um concílio dos deuses no Olimpo para decidir o destino dos navegadores lusitanos.

Júpiter — rei dos deuses, poderoso e justo, favorável aos portugueses, barbudo e majestoso, preside o consílio dos deuses, toma decisões importantes, representa o destino e a providência divina.

No concílio, Vênus defende os portugueses, vendo neles semelhanças com os antigos romanos, enquanto Baco se opõe, temendo perder sua fama e influência no Oriente. Júpiter decide favorecer os portugueses, profetizando seu glorioso futuro no Oriente.

Enquanto isso, a frota de Vasco da Gama chega à ilha de Moçambique. Os portugueses são inicialmente bem recebidos pelos habitantes locais, mas Baco, disfarçado de mouro, incita os nativos contra os estrangeiros. O governador local, influenciado por Baco, planeja uma emboscada contra os portugueses quando estes desembarcam para buscar água doce.

Os portugueses percebem a traição e reagem com força, atacando a povoação e causando grande destruição. Após este confronto, o governador, fingindo arrependimento, oferece um piloto para guiar a frota portuguesa até a Índia. Na verdade, este piloto é mais um instrumento da traição, pois tem ordens para conduzir os navios à perdição.

Canto 2. A traição em Mombaça e a chegada a Melinde

Seguindo as instruções do falso piloto, a frota portuguesa chega a Quíloa, mas Vênus, sempre atenta, desvia os navios deste porto traiçoeiro. Os navegantes chegam então a Mombaça, onde o rei local, também influenciado por Baco, prepara nova armadilha.

O rei de Mombaça envia mensageiros convidando os portugueses a entrarem no porto, afirmando que ali encontrariam cristãos. Vasco da Gama, desconfiado, envia dois degredados para verificar a informação. Estes retornam confirmando a presença de cristãos, pois foram enganados por um altar falso que Baco havia preparado, fingindo ser um santuário cristão.

Quando os navios portugueses começam a entrar no porto, Vênus percebe o perigo e desce rapidamente do céu. Ela convoca as nereidas, ninfas do mar, para impedir que as naus avancem, empurrando-as para trás e salvando-as da emboscada.

Os mouros, vendo seu plano frustrado, saltam ao mar e fogem. Vasco da Gama agradece a Deus pelo livramento, reconhecendo a intervenção divina. Vênus então sobe ao Olimpo para interceder novamente junto a Júpiter em favor dos portugueses.

Comovido pelas lágrimas da deusa, Júpiter reafirma seu apoio aos lusitanos e envia Mercúrio para guiá-los a um porto seguro. Em sonho, Mercúrio aparece a Vasco da Gama, advertindo-o do perigo e aconselhando-o a partir imediatamente para Melinde, onde encontrará acolhimento amigável.

A frota chega a Melinde, onde é recebida com honras pelo rei local. Este demonstra grande admiração pelos portugueses e sua história. Vasco da Gama e o rei de Melinde trocam presentes e estabelecem relações amistosas. O rei pede a Vasco da Gama que conte a história de Portugal e a jornada que os trouxe até ali.

Canto 3. A história de Portugal e o episódio de Inês de Castro

Atendendo ao pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama inicia a narrativa da história de Portugal. Começa descrevendo a localização geográfica da Europa e da Península Ibérica, destacando a posição de Portugal no extremo ocidental do continente.

Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram

Gama narra a fundação do reino português, começando com o Conde D. Henrique, pai de Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. Relata as vitórias de Afonso Henriques contra os mouros e os castelhanos, destacando a Batalha de Ourique e a conquista de Lisboa.

Continua com os feitos dos reis seguintes: Sancho I, Afonso II, Sancho II, Afonso III, Dinis (que fundou a Universidade de Coimbra), Afonso IV, Pedro I e Fernando I. Ao falar de D. Pedro I, Vasco da Gama narra o trágico episódio de Inês de Castro.

👸
Inês de Castro — jovem nobre, amante do príncipe Pedro de Portugal, bela e inocente, assassinada por razões políticas, símbolo do amor trágico, mãe dedicada, vítima da crueldade humana.

Inês de Castro era amante do príncipe Pedro, filho de Afonso IV. Viviam felizes nos campos do Mondego, em Coimbra, e tinham filhos. O rei Afonso IV, preocupado com as implicações políticas deste relacionamento, ordenou a execução de Inês, apesar dos apelos da jovem pela própria vida e pela de seus filhos.

Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito

Após a morte do pai, Pedro I tornou-se rei e vingou-se cruelmente dos assassinos de Inês. Exumou o corpo da amada, coroou-a como rainha póstuma e obrigou a corte a beijar-lhe a mão, num gesto que ficou conhecido como a coroação de Inês de Castro.

O canto termina com a menção ao reinado de D. Fernando, último rei da primeira dinastia portuguesa, cuja fraqueza e paixão por Leonor Teles quase levaram o reino à ruína, preparando o terreno para a crise dinástica que resultaria na ascensão da Casa de Avis.

Canto 4. A continuação da história portuguesa e a partida da expedição

Vasco da Gama prossegue sua narrativa ao rei de Melinde, relatando a crise sucessória após a morte de D. Fernando. Descreve como o povo português escolheu D. João, Mestre de Avis, como novo rei, apesar da oposição de Castela, que reivindicava o trono para Beatriz, filha de D. Fernando.

Narra a Batalha de Aljubarrota (1385), onde os portugueses, liderados por D. João I e pelo condestável Nuno Álvares Pereira, derrotaram os castelhanos, garantindo a independência de Portugal e iniciando a dinastia de Avis. Segue contando os feitos de D. João I e seus filhos, especialmente o infante D. Henrique, o Navegador, que iniciou a era dos descobrimentos.

Gama continua com os reinados de D. Duarte, D. Afonso V (que conquistou várias praças no norte da África) e D. João II, que planejou a viagem à Índia. Finalmente, chega ao reinado de D. Manuel I, que ordenou a expedição comandada pelo próprio Vasco da Gama.

O capitão então descreve os preparativos para a viagem e a partida da frota do porto de Belém, em Lisboa. Neste momento, surge a figura do Velho do Restelo, um ancião que, na praia, critica duramente a empresa das navegações, considerando-a fruto da ambição, da cobiça e da vaidade humanas.

👴
O Velho do Restelo — ancião sábio e crítico, de barba branca, que condena as navegações portuguesas, voz da prudência e do ceticismo, representa a crítica à ambição e à cobiça humanas.

Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Cũa aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!

O velho questiona o valor das conquistas que custam tantas vidas e sofrimentos, sugerindo que os portugueses deveriam concentrar seus esforços na luta contra os mouros que ameaçam a própria Península Ibérica, em vez de buscar glórias em terras distantes.

Apesar das críticas do Velho do Restelo, a frota parte. Vasco da Gama descreve a dolorosa cena da despedida, com as mães, esposas e filhos chorando na praia, temendo nunca mais reverem seus entes queridos. Os navios afastam-se da costa portuguesa e iniciam sua longa jornada pelo Atlântico.

Canto 5. A viagem pelo Atlântico e o encontro com Adamastor

Continuando sua narrativa ao rei de Melinde, Vasco da Gama descreve a viagem pelo Atlântico. A frota passa pelas ilhas da Madeira, Canárias e Cabo Verde, contorna a costa ocidental africana e cruza a linha do Equador, entrando no hemisfério sul.

Durante a viagem, Gama relata diversos fenômenos naturais observados pelos navegantes, como o fogo de Santelmo e a tromba marinha. Descreve também um episódio em que o marinheiro Fernão Veloso, tendo desembarcado para explorar a terra, é perseguido por nativos hostis e precisa ser resgatado.

O ponto culminante deste canto é o encontro com o gigante Adamastor, guardião do Cabo das Tormentas (depois rebatizado como Cabo da Boa Esperança). Numa noite tempestuosa, surge diante da frota uma figura monstruosa, uma nuvem negra que toma forma humana e se revela como o gigante Adamastor.

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Adamastor — gigante mitológico, guardião do Cabo das Tormentas, figura aterrorizante e colossal, transformado em montanha, conta sua história de amor infeliz por Tétis, profetiza desgraças aos portugueses.

Adamastor, furioso com a ousadia dos portugueses em invadir seus domínios, ameaça-os com terríveis naufrágios e desgraças. Conta sua própria história: era um titã que se apaixonou pela ninfa Tétis, mas foi enganado e transformado em montanha como castigo por sua audácia.

Após profetizar as tragédias que aguardam os futuros navegadores portugueses naquelas águas, incluindo o naufrágio de Bartolomeu Dias e a morte de D. Francisco de Almeida, o gigante desaparece com um gemido assustador. A frota consegue contornar o cabo e continua sua viagem pelo Oceano Índico.

Gama conclui a narrativa deste trecho da viagem descrevendo a chegada a Moçambique e os eventos já relatados nos cantos anteriores, fechando assim o círculo narrativo e terminando seu relato ao rei de Melinde.

Canto 6. A tempestade marítima e a intervenção de Vênus

Após a hospitalidade recebida em Melinde, a frota portuguesa parte rumo à Índia, acompanhada por um piloto experiente fornecido pelo rei melindano. Enquanto os navios singram o Oceano Índico, Baco, ainda inconformado com o sucesso dos portugueses, decide fazer uma última tentativa para destruí-los.

O deus do vinho desce às profundezas do mar e visita o palácio de Netuno, onde convoca um concílio dos deuses marinhos. Com um discurso inflamado, Baco convence Netuno e as outras divindades a desencadearem uma terrível tempestade contra os navios portugueses.

Enquanto isso, a bordo das naus, os marinheiros distraem-se contando histórias. Fernão Veloso narra o episódio dos Doze de Inglaterra, cavaleiros portugueses que foram à Inglaterra defender a honra de doze damas inglesas ofendidas por cavaleiros britânicos.

Subitamente, a tempestade enviada por Netuno atinge a frota. Os ventos furiosos rasgam as velas, enormes ondas ameaçam engolir os navios, e os marinheiros lutam desesperadamente pela sobrevivência. Vasco da Gama, vendo-se à beira do naufrágio, eleva uma comovente prece a Deus.

Divina Guarda, angélica, celeste,
Que os Céus, o Mar e Terra senhoreias:
Tu, que a todo Israel refúgio deste
Por metade das águas eritreias;
Tu, que livraste Paulo e defendeste
Das Sirtes arenosas e ondas feias

Vênus, ouvindo a prece de Gama e vendo o perigo que correm seus protegidos, reúne as ninfas do mar e ordena-lhes que seduza os ventos, acalmando sua fúria. As ninfas conseguem amansar a tempestade, e a frota portuguesa é salva. Ao amanhecer, o piloto melindano avista a costa da Índia, e os navegantes finalmente chegam a Calicute.

Canto 7. A chegada a Calicute e o primeiro contato com a Índia

Após superarem a tempestade, os portugueses finalmente chegam a Calicute, na costa do Malabar, Índia. Vasco da Gama agradece a Deus por terem alcançado o objetivo de sua viagem. O poeta faz uma digressão criticando as nações europeias que, em vez de se unirem contra os muçulmanos, lutam entre si.

Um nativo se aproxima dos navios falando em castelhano. Trata-se de Monçaide, um mouro do norte da África que conhece a Península Ibérica e serve como intérprete. Ele explica aos portugueses a história e os costumes da região, informando que Calicute é governada pelo Samorim, um poderoso monarca.

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Monçaide — mouro que fala castelhano, serve de intérprete e guia aos portugueses em Calicute, conhecedor da região, amigável e prestativo, converte-se ao cristianismo.

Vasco da Gama envia um mensageiro ao Samorim anunciando a chegada dos portugueses e seu desejo de estabelecer relações comerciais. O Samorim responde positivamente e convida Gama a desembarcar. O capitão português prepara-se para o encontro, vestindo suas melhores roupas e levando presentes.

Ao desembarcar, Gama é recebido pelo Catual, um alto funcionário do Samorim, que o conduz através da cidade. Eles passam por um templo hindu, onde o capitão observa as estátuas dos deuses locais. Finalmente, chegam ao palácio real, onde o Samorim, sentado em seu trono, recebe o navegador português.

Vasco da Gama apresenta-se como embaixador do rei de Portugal e explica o propósito de sua viagem: estabelecer relações comerciais entre os dois reinos. O Samorim responde que considerará o pedido e dará uma resposta após consultar seus conselheiros. Gama é então conduzido a um aposento para descansar.

Canto 8. A história portuguesa nas bandeiras e as intrigas em Calicute

Enquanto Vasco da Gama está com o Samorim, o Catual visita as naus portuguesas, onde é recebido por Paulo da Gama, irmão do capitão. O Catual observa as bandeiras e estandartes decorados com cenas da história portuguesa e pede explicações sobre as figuras ali representadas.

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Paulo da Gama — irmão de Vasco da Gama, capitão de uma das naus, leal e corajoso, explica ao catual de Calicute os símbolos e figuras históricas nas bandeiras portuguesas.

Paulo da Gama explica as imagens, narrando os feitos de heróis portugueses como Luso (fundador mítico da Lusitânia), Viriato (que resistiu aos romanos), o rei D. Afonso Henriques, Egas Moniz, Nuno Álvares Pereira e muitos outros. Esta narrativa complementa a história de Portugal contada por Vasco da Gama nos cantos anteriores.

Enquanto isso, Baco, ainda determinado a destruir os portugueses, aparece em sonho a um sacerdote muçulmano de Calicute, incitando-o contra os estrangeiros. O sacerdote convence os comerciantes muçulmanos locais, que temem perder seu monopólio comercial, a subornar os ministros do Samorim para que se oponham aos portugueses.

Por estas naus os mouros esperavam,
Que, como fossem grandes e possantes,
Aquelas que o comércio lhe tomavam
Com flamas abrasassem crepitantes.
Neste socorro tanto confiavam
Que já não querem mais dos navegantes

Os ministros corrompidos convencem o Samorim de que os portugueses são piratas, não embaixadores, e que suas intenções são hostis. O Catual, seguindo ordens, detém Vasco da Gama e impede seu retorno às naus. Gama percebe a traição e, para conseguir sua liberdade, envia mercadorias dos navios como garantia.

Finalmente libertado, Vasco da Gama retorna às naus, mas decide não voltar a terra, desconfiando das intenções dos locais. Ele reflete sobre a corrupção e a cobiça que movem os homens, observando como o dinheiro e o interesse material podem corromper até mesmo os mais nobres propósitos.

Canto 9. A Ilha dos Amores e a recompensa dos navegantes

Vendo que não conseguiria estabelecer relações comerciais satisfatórias em Calicute devido às intrigas dos comerciantes muçulmanos, Vasco da Gama decide retornar a Portugal. Antes de partir, consegue resgatar os dois feitores que haviam ficado em terra com as mercadorias e captura alguns nativos para servirem como prova de sua chegada à Índia.

A frota inicia a viagem de retorno, levando amostras de especiarias e outros produtos orientais. Vênus, querendo recompensar os portugueses por seus feitos heroicos, prepara-lhes uma surpresa: uma ilha paradisíaca onde poderão descansar e ser premiados com os prazeres do amor.

A deusa pede ajuda a seu filho Cupido, que fere com suas flechas as nereidas, fazendo-as apaixonarem-se pelos navegantes portugueses. Vênus então conduz a ilha encantada para o caminho da frota. Quando os marinheiros avistam a bela ilha, decidem desembarcar para explorar o local.

Na ilha, os portugueses encontram as ninfas, que inicialmente fingem fugir deles, mas logo se deixam alcançar. Cada marinheiro une-se a uma ninfa em jogos amorosos. Vasco da Gama é conduzido pela ninfa Tétis ao topo de uma montanha, onde há um palácio de cristal.

🧜‍♀️
Tétis — ninfa do mar, bela e sábia, guia Vasco da Gama na Ilha dos Amores, mostra-lhe a máquina do mundo e profetiza o futuro glorioso de Portugal, objeto do amor de Adamastor.

Durante um banquete no palácio, uma ninfa canta, profetizando as futuras glórias portuguesas no Oriente: as conquistas de Duarte Pacheco Pereira, Francisco de Almeida, Afonso de Albuquerque e outros heróis que estabelecerão o império português na Ásia.

Que as imortalidades que fingia
A antiguidade, que os ilustres ama,
Lá no estelante Olimpo, a quem subia
Sobre as asas ínclitas da Fama,
Por obras valerosas que fazia,
Pelo trabalho imenso que se chama
Caminho da virtude

Canto 10. A Máquina do Mundo e o retorno a Portugal

Após o banquete na Ilha dos Amores, Tétis conduz Vasco da Gama ao topo de uma montanha e mostra-lhe a Máquina do Mundo, uma representação do universo segundo a cosmologia da época. A ninfa explica os movimentos dos astros, os círculos celestes e a estrutura do cosmos.

Em seguida, Tétis mostra a Gama um globo terrestre onde estão representados todos os continentes e mares. Ela aponta os diversos reinos da Ásia e descreve os povos e terras que os portugueses irão descobrir e conquistar no futuro. Profetiza as façanhas de futuros heróis lusitanos no Oriente.

A ninfa também menciona a futura descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral e a circunavegação do globo por Fernão de Magalhães (embora este, sendo português, estivesse a serviço da Espanha). Tétis adverte Gama sobre os perigos e dificuldades que os portugueses enfrentarão para manter seu império.

Terminada a visão profética, os navegantes, revigorados pela estadia na ilha e pelas revelações recebidas, preparam-se para retornar a Portugal. Embarcam novamente e, com ventos favoráveis, iniciam a última etapa de sua viagem de volta à pátria.

A frota chega finalmente a Lisboa, onde é recebida com grande júbilo. Vasco da Gama apresenta ao rei D. Manuel os resultados de sua expedição, comprovando o sucesso da descoberta do caminho marítimo para a Índia e abrindo as portas para o estabelecimento do império português no Oriente.

Assim que, ó Rei, se minha grão verdade
Tens por qual é, sincera e não dobrada,
Ajunta-me ao despacho brevidade,
Não me impidas o gosto da tornada;
E, se inda te parece falsidade,
Cuida bem na razão que está provada

O poema termina com uma nota melancólica. O poeta lamenta que seus contemporâneos não valorizem adequadamente a poesia e os feitos heroicos, preferindo a busca de riquezas materiais. Camões critica a falta de apoio aos poetas e aos verdadeiros heróis, expressando sua desilusão com a sociedade portuguesa de seu tempo.

No'mais, Musa, no'mais, que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não

Apesar desse tom pessimista final, Os Lusíadas permanece como uma celebração da coragem, da determinação e do espírito aventureiro do povo português, que abriu novos caminhos para o mundo e expandiu os horizontes da humanidade através de suas descobertas marítimas.